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Atacarejo é uma forma moderna de comércio que une características das duas mais conhecidas e tradicionais formas de comercialização: o atacado e o varejo. Utiliza-se dos conceitos self-service (autosserviço) e cash & carry (pague e leve).
Os motivos para o surgimento do atacarejo no Brasil podem ser os mais diversos, mas principalmente as mudanças que os modelos tradicionais de vendas passaram nos últimos anos em função do novo comportamento por parte dos shoppers. A instabilidade política e a incerteza econômica também são fatores que favoreceram a expansão deste novo modelo no Brasil.
O setor é hoje o que mais cresce no país. São mais de 500 lojas espalhadas por todo o país, com faturamento anual que ultrapassa os 80 bilhões de reais. É também um importante empregador, com mais de 75 mil empregos diretos.
Neste post, você irá descobrir:
O conceito teve origem na Alemanha, pelo professor Otto Beisheim, em 1964 ao abrir o primeiro estabelecimento de Cash and Carry na cidade de Mulheim.
O conceito inicial era bem simples, fazer com que o cliente pudesse escolher o produto na prateleira e levá-lo diretamente para casa, evitando a intermediação de vendedores e, assim, garantir um preço abaixo dos tradicionais mercados.
Já falamos sobre o que é atacarejo, agora vamos direto aos conceitos que fazem desse formato um modelo ímpar.
Preço baixo
Para poder ser competitivo, o atacarejo exige preços baixos. Com uma estrutura mais enxuta e, como falado anteriormente, evitando a intermediação, é possível chegar no menor preço em relação aos supermercados tradicionais.
Alto volume de vendas
O atacarejo apresenta um alto volume de vendas para poder compensar os preços baixos e lucrar no ticket médio.
Sortimento menor
O atacarejo foca na quantidade, portanto a negociação é feita em grandes lotes, o que facilita um melhor preço, mas dificulta a variedade de produtos.
Precificação diferenciada
As redes costumam cobrar dois preços para um mesmo produto: um mais barato para quem leva grandes quantidades e outro mais caro para quem leva menos.
Nos anos 70, o Cash and Carry foi uma febre e se espalhou até cruzar o Atlântico Norte rumo à terra do Tio Sam. Nos Estados Unidos, o modelo sofreu o mais impactante dos efeitos: a família Walton entrou na briga e transformou o mercado.
Sobre a família Walton:
A Família Walton, dos irmãos Sam e Bud Walton, soma um patrimônio de cerca de 150 bilhões de dólares, segundo a revista Forbes. Em outras palavras, é a família que comanda a maior rede de varejo do mundo, o Wal-Mart. Só por curiosidade, os filhos de Sam Walton, estão desde 2001 entre os 10 americanos mais ricos do mundo. Juntos eles controlam 39% da companhia, possuindo uma fortuna combinada de mais de 100 bilhões de dólares.
O Wal-Mart, ao entrar na jogada, acabou regulando e padronizando o modelo, já que era o competidor a ser batido na época (e nos dias atuais).
Foi embasado pelo modelo da família Walton, que a rede Makro, dos Países Baixos, trouxe o Cash and Carry em 1972 para o Brasil.
A lógica da Makro era fidelizar o consumidor cortando ao máximo todo o custeio que fosse além do lucro direto da venda ao shopper.
Mas o monopólio da Makro não durou muito tempo, logo cada gigante do varejo implementou a sua própria linha na rede do atacarejo brasileiro.
46,4% dos brasileiros fazem compras em atacarejo; modelo que superou os hipermercados em 2015.
O faturamento do atacarejo brasileiro em 2015 superou os 250 bilhões de reais, segundo o Estadão.
Um exemplo simples da expansão do atacarejo é o Spani Atacadista, uma pequena rede com algumas lojas em Minas e no Rio de Janeiro. Mesmo sem grande expressão no resto do país, o Spani conseguiu aumentar suas vendas em mais de 70% nos últimos anos.
No Nordeste, a rede baiana Atakarejo fez sua receita avançar mais de 30% nos últimos anos.
A rede Roldão, de São Paulo, encerrou o último ano com receita de 2,7 bilhões de reais. Roldão, que também preside a Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviço (ABAAS), diz que a conversão de supermercados e hipermercados para o atacarejo vai se intensificar em 2017.
Não vamos mudar as lojas para atender as madames. Um dos meus funcionários observou que as madames estão frequentando mais as nossas lojas e nos pediu para que fizéssemos reformas para melhor recebê-las. Disse que não. Elas estão vindo aqui porque nós somos assim. Não podemos mudar a essência e o custo. As pessoas buscam preço, variedade e qualidade. Só que essa variedade tem limite.
Os atacarejos são canais fundamentais na venda de bebidas, sejam alcoólicas ou não alcoólicas.
De acordo com pesquisa da Euromonitor, o atacarejo representou, em 2016, 13% das vendas de bebidas frias (como refrigerantes, água e suco), 11% das bebidas alcoólicas (como cerveja, destilados e vinhos) e 8% das vendas de bebidas quentes (como café e chá) no Brasil.
A taxa de crescimento do atacarejo está muito acima da média do varejo tradicional, conforme indicado no gráfico abaixo.
O atacarejo obteve 56% de penetração em todos os lares do Brasil em 2016. A tendência é continuar crescendo. A perspectiva é que atinja mais de 60% dos lares brasileiros em 2017.
É o único tipo de loja que continua com o crescimento no volume de produtos vendidos em 2017, segundo a ABAAS. As vendas em volume cresceram 15% em 2016 na comparação com 2015 enquanto os outros tipos de varejo juntos tiveram uma queda de 4,2% nas vendas em volume.
O segmento soube acompanhar as mudanças, como a relação do shopper com os canais de compra tradicionais. A indústria passou a negociar mais e melhor, abrindo o caminho para uma expectativa ainda melhor em 2018.
Qual seria o próximo passo?
Um bom palpite seria desenvolver um trade especializado nas necessidades do atacarejo. É uma etapa que deve acontecer a longo prazo, mesmo porque no próprio varejo convencional, no Brasil, essa estruturação ainda não é uma realidade comum.
Fonte: https://clubedotrade.com.br/blog/o-que-e-atacarejo/
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